Moisés, o libertador

sexta-feira, 3 de abril de 2009

"A vida de Moisés foi cercada de manifestações do poder de Deus. A sarça ardente, as pragas do Egito, a Visão de Deus pelas costas e a passagem pelo Mar Vermelho foram acontecimentos tão fantásticos que os cráticos não tiveram outra reação a não ser seguir o caminha natural da dúvida: negar sua historicidade." (Pr.\Dr. Rodrigo P. Silva)Mas será que as teorias revisionistas do Êxodo estariam certas? Algumas descobertas tem destruído a hipótese de que o Êxodo seja uma ficção criado por Moisés ou de que ele foi influenciado na hora de escrever seus textos.

Sargão, rei de Acade

Segundo o Dr. Rodrigo Silva, em seu livro Escavando a verdade, pag. 93 (grifos meus), " Um dos primeiros motivos encontrados pelos céticos para duvidar do relato bíblico era o fato de que a história de Moisés sendo salvo do Nilo parecia-se muito com a saga de outros heróis da antiguidade. O mito de Sargão I, o grande rei de Acade, é um bom exemplo." "A semelhança entre o relato de seu nascimento e a narrativa bíblica acerca de Moisés é tão evidente que alguns concluem não se tratar de mera coincidência. " Vejamos um trecho do texto encontrado em duas cópias neo-assírias incompletas e um fragmento neo-babilônico que estavam entre os tabletes desenterrados na região do Iraque:

'Sargão o rei poderoso, o rei de Agadé [Acade] eu sou, minha mãe era humilde e meu pai não tive oportunidade de conheçer...

Minha cidade é Azupiranu, que está situada na ribeira do Eufrates.
Minha mãe, a humilde, me concebeu, em secreto me deu a luz.
[Ela] me colocou num cesto de juncos e fechou a tampa com betume.
[Ela] me colocou no rio [Eufrates] que não me submergiu.
O rio me levou boiando até Akki, o regador das águas. ' "

O texto é de fato conhecido a partir de 587 a.C. data em que os judeus foram levados cativos para a Babilônia, onde os minimalistas dizem que o texto foi conhecido e acrescentado a história de Moisés. Porém, palavras como "cesto", "junco", "pairo", "linho", "ribeira", etc. são egípcias e não era de se esperar que um judeu do cativeiro as conhecesse tão bem.
Em um de seus artigos, o teólogo Luiz Gustavo de Assis diz que "Diversas palavras hebraicas usadas pelo autor têm sua origem em termos do antigo egípcio. Sendo que o apogeu da língua egípcia na região ocorreu em meados dos anos 1500-1100 a.C., e não em 600 a.C., parece mais razoável aceitar que esta história deve ter sido escrita por volta de 1400 a.C., e não inventada no cativeiro babilônico quase mil anos depois, em um ambiente caldeu."

O nome de Moisés

O Doutor e Pastor Rodrigo P. Silva diz "longe do que deveria ser, caso se tratasse de uma lenda semita, não é um nome hebraico, mas sim egípcio".
Hoje a maioria dos historiadores reconheçe que no Antigo Egito o costume de colocar nomes de deuses egípcios em crianças reais era comum no antigo Egito. Temos como exemplo Ahmose (nascido do deus lua), Tutmés (nascido do deus Thot), Ptahmose (nascido do deus Ptah), Ramsés (filho, ou nascido do deus sol) e etc. "Siegrifried Julio Schwantes deduz que a 'omissão do nome de uma divindade egípcia no nome de Moisés explica-se provavelmente pelo de que ele renuncionou o culto idólotra quando atingiu a maioridade' ". Portanto seu nome ficou apenas como mose sem o complemento divino que poderia te existido antes. "Seu poderia ter sido Hapimose (nascido do nilo, ou tirado das águas), porém são só suposições e a Bíblia não diz nada sobre isso. O nome de Abrão que depois começou a ser chamado de Abraão é um caso clássico." (grifos meus do livro Escavando a Verdade).

Escravidão no Egito

E puseram sobre eles maiorais de tributos, para os afligirem com suas cargas. Porque edificaram a Faraó cidades-armazéns, Pitom e Ramessés.
Ex 1:11

Segundo Werner Keller em seu livro E a Bíblia tinha razão, pag. 126, ele diz " Israel era um povo de pastores, não acostumados com outra espécie de trabalho, que ele achava, portanto, duplamente penoso. A construção e fabricação de tijolos eram trabalho forçado". Mas nos muros de uma espaçosa abóbada¹, encontradas num dos templos de Tebas, no complexo de Karnak são representadas cenas do cotidiano do vizir Rekmire, mostrando os benefícifios que ele trouxe ao Egito. Lá "são mostradas um confronto com os inspetores de pele escura e os de pele clara, provavelmente semitas (alguns certamente hebreus) e não egípcios."
Eram forçados a trabalhar. "O varapau está em minha mão", diz em hieróglifos o capataz egípcio, "não sejais indolentes!". Portanto, já encontraram documetos arqueológicos que podem comprovar totalmente o contrário.

Ramessés como a Per-Ramesse egípcia

Per-Ramesse é uma abreviação que significa ao todo “residência de Ramses (Pi-Ramesse), amado de Amon, o grande Vencedor (mry ‘Imn ‘aa nehtw)”. Outra versão do nome pode aparecer como Pi-Ramesse. Os estudos arqueológicos têm lançado luz considerável sobre o histórico de Per-Ramesse. Inscrições egípcias informam que ela foi fundada por Seti I, o segundo faraó da XIX dinastia, e concluída pelo seu filho Ramsés II. Essa cidade foi a capital dessa dinastia, e tem sido identificada com Tanis e/ou Qantir. Vejamos brevemente essas duas identificações, começando com Tanis.

O primeiro a sugerir que a cidade Per-Ramesse estava localizada em Tanis foi novamente H. Brugsch, em 1872. Segundo Siegfried J. Schwantes, após a expulsão dos Hiksos, a cidade de Ávaris teve seu nome mudado para Tanis e aparece no Antigo Testamento com o nome Zõa (cf. Nm 13:22; Sl 78:12 e 43).A declaração em parte é verdadeira, porém, o momento onde Ávaris é identificada com Tanis é questionável.

Tanis é a atual San el-Hagar e teve seus primeiros trabalhos feitos por Auguste Marriette (1860-1880), posteriormente por Flinders Petrie (1883-1886) e de forma significativa por Pierre Montet (1921-51). Ali foram encontrados vários templos dedicados às divindades Amum, Ptah, Re, etc., mas o palácio real de Ramsés II não foi encontrado. A identificação de Tanis com a Per Ramesse egípcia torna-se mais difícil ainda se levarmos em consideração as pesquisas posteriores ao trabalho de Montet. Os objetos encontrados lá, ou seja, em Sane l-Hagar, foram colocados ali posteriormente para construções, não no período do faraó Ramsés II. William Shea afirma que não há nenhuma confirmação arqueológica de habitação em Tanis antes da XXI dinastia, c. 1100 a.C.

De acordo com Hershel Shanks, editor da Biblical Archaeology Review, a identificação da Ramessés bíblica com a Per-Ramesse egípcia é impossível foneticamente. Fontes egípcias nunca se referiram a essa cidade com o nome real de Ramessés, sozinho, antes, sempre é mencionada com a palavra egípcia pr (casa), ou seja, Per-Ramesse. A mesma opinião é defendida por E. Uphill e D. Cameron Alexander Moore.

Porém, é importante lembrar que boa parte das cidades egípcias começadas com o prefixo Pi ou Per, mencionadas nas páginas do Antigo Testamento (cf. Nm 33:8; Ez 30:17) não o perderam. Se a Per Ramesse egípcia é a Ramessés bíblica, por que seu prefixo não aparece no texto? Mas a fé não poderia interferir no modelo de identificação prévia.


Wesley Alfredo G. de Arruda é estudante,fascinado por Arqueologia e também pela Bíblia. Visitou diversos sítios arqueológicos no mundo como na Jordânia (Numeira e Bab Edh-ra) e no Egito (Saqqara, Giza). Também foi colaborador de um projeto de pesquisa israelense, o Temple Mount Sifting Project, localizado em Jerusalém.

¹. A abóbada é uma cobertura côncava. Possui um teto arqueado, usualmente constituído por tijolos ou betão (betão é uma mistura de água, cimento, areia e pedra britada, em proporções prefixadas, que forma uma massa compacta e endurece com o tempo).

Fontes:
Rodrigo P. Silva
Escavando a verdade, pag. 93

Werner Keller

E a Bíblia tinha razão
, pag. 126
Arqueologia da Bíblia
Luiz Gustavo de Assis
A cidade de Ramsés, Ramessés como a Per-Ramesse egípcia.

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