O Êxodo

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Existe um detalhe em Êxodo 1:11 que ainda intriga os pesquisadores. O texto diz: "Porque edificaram a Faraó cidades-armazéns, Pitom e Ramesses". Que cidades seriam essas? Embora não exista atualmente no Egito nenhuma metrópole com esses nomes, é certo que houve um faraó chamado Ramsés II que governou de 1292-1225 a.C., durante a 19ª dinastia (ou a dinastia Ramsseída), e construiu uma cidade chamada Pi-Ramese ou "casa de Ramsés".
Em Tânis (atual San el-Hagar), a nordeste do delta, revelou em 1930, a presença de enormes edifícios e muitas estátuas de Ramsés. Desde então, os especialistas passaram a crer que essa seria a cidade mencionada no Êxodo e que teria sido edificada pelos Hebreus.
Contudo, estudos posteriores enfraqueceram tal hipótese. Percebeu-se que as pedrarias, monumentos e inscrições desenterradas em Tânis, não estavam em sua posição original, algumas jaziam de ponta cabeça ou, virada para o lado. Os alicerces, também não coincidiam com a estrutura que estava em cima deles. Logo, o mais provável é que o templo e outros edifícios não pertenceram àquele lugar, mas tivessem sido transportados para lá, bloco por bloco, numa data bem posterior ao reinado de Ramssés.
Hoje, o lugar considerado a localização origical de Pi-Ramese é a moderna Tell el-Dab'a, ou seja, o mesmo sítio arqueológico que abriga as possíveis ruínas do palácio de José. Ela se localiza a trinta quilômetros de Tânis, e a menos de Três da moderna Khatana-Qantir. De vez em quando, escavações locais ainda desenterram ali azulejos reluzentemente petrificados e pequenas estruturas arquitetônicas, mas quase não dá para enxergar nada acima do chão. Só para lembrar, foi nesse mesmo sítio que se localizava Avaris, capital dos Hicsos durante sua permanência no Egito.
Quanto à cidade de Pitom , os especialistas acreditam que seria uma corruptela hebraica do nome egípcio Pi-Atum, isto é, "casa de Atum (o deus sol)". Sua localização é mais difícil de ser determinada. Alguns arqueólogos a identificaram no passado com a moderna Tell el Maskhuta, que fica na região oriental do delta.
Sobra-nos, um último problema: se, com base em Êxodo 1:11, cosiderarmos Ramsés II, o faraó da opressão e seu sucessor Merneptá (1225-1215 a.C.) o faraó do Êxodo, teremos um confilto com o texto de 1 Reis 6:1 que diz que o quarto ano do reinado de Salomão ocorreu 480 anos depois que os filhos de Israel saíram do Egito. Ora, embora as datas do período monárquico ainda oscilem cerca de 10 anos, o quarto de Salomão deve corresponder mais ou menos 967 a.C. que é a data proposta pela clássica obra de Edwin Thiele, The Mysterious Numbers of the Hebrew Kings.
Assim somando 480 a 967, (pois as datas a.C. são em ordem decrescente) chegamos a 1447 a.C. como sendo ano limite da ocorrência do Êxodo. Mas essa não é uma data exata. Estudos recentes publicados por E. W. Faulstich tâm sugerido uma conversão de calendários que retardariam o Êxodo para pelo menos 1461 a.C. De qualquer modo, é um período bem anterior ao reinado de Ramsés II! Mas provavelmente o problema fica amenizado se entendermos que um escriba posterior "atualizou" o texto, para indicar que aquela cidade que os hebreus edificaram, na atualidade, tinha o nome de Ramesses. Tal acréscimo não seria de modo algum um erro, se lembrar-mos que nossos livros de História convencionalmente dizem que Colombo descobriu a "América", embora todos sabemos que em 1492 (data da descoberta) ainda não tinha nenhum continente com esse nome. Outro exemplo é Deuteronômio 24, que descreve a morte de Moisés, certamente não foi escrito por ele mesmo! Nossa conclusão, portanto é que o Êxodo ocorreu em algum período entre 1447 e 1461 a.C.

Baseado no livro "Escavando a verdade", de Rodrigo P. Silva, pags. 100, 101, 102.

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